domingo, 26 de janeiro de 2014

Reflexos de entardecer [2006]

Já nada está igual. A diferença entre a noite e o dia é abruptamente grande. Rodopio no girar do mundo, tropeço nos pensamentos de quem passa ao lado. Sentiste a mágoa da nuvem que te ensombrou o caminho? Não, claro que não sentiste. Estremeceste com a frieza com que ela te brindou ao tapar o sol mas não percebeste que era tristeza. Tristeza de indiferença aos outros!
            Sento-me no chão gelado… “Pára!”. Mas o mundo continua a rodar, as pessoas a passar, o dia a nascer, a noite a descer, motores a gritar, folhas a cair, gente a olhar para os farrapos com alguém amontoados no passeio pisado… mas ninguém a parar, para ajudar, para falar, para pensar.
            Não sei quem sou. Conheces-me? O teu olhar meigo respondeu-me na sua doçura silenciosa. Ainda bem que me conheces, assim sinto-me menos perdida nesta loucura que de mim se apodera.
            Não fujas de mim Anjo… Cria-me as ilusões, devolve-me as sensações… Deixa-me sonhar… Não me prendas, não me largues… Ilumina o meu caminho que eu acompanho-te no teu.

            “Acordei-te?” “Estava a sonhar…”





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