segunda-feira, 29 de setembro de 2014

tempestade

Ouves o vento? Não há vento não. O céu ficou negro e vai chover.

Este silêncio é dos que incomodam por pouco tempo, não te apresses.
Fica comigo enquanto o silêncio entre nós ensurdece e se torna insuportável e eu me te torno insuportável.

Aguenta, eu vou com a primeira gota de chuva.
E se eu fiquei para ver o teu dilúvio bem podes ficar até eu me ir por inteiro.

Não acreditas que te desapareça para sempre? Eu também não acredito que fiques para o confirmar.

Não me bastou a escuridão do monstro em que me tornaste, tive de sucumbir na tua força tornada em menos de mim. Achas que levaste o melhor de mim? Não te enganes, não há melhor de mim para ti. Em ti ficou o vazio e o negrume que fui contigo e que sou agora.

Mas não te regozijes já na minha queda porque aquilo que achas que tiveste meu, nunca foi teu de verdade. Sentes a chuva que te envolve agora? Há-de cair ao chão.

E ao primeiro trovão estarei mais longe do que imaginas.