domingo, 26 de janeiro de 2014

pouco mais que nada [2013]

Sinto uma mão cheia de tudo, um pranto cheio de nada. Embrulho-me no rumo que escolhi, nas loucuras que quis viver. Somam-me os contos e os pontos. As voltas e demoras. As vidas envolvidas em trapos de mim.
Nao é custo de ver ou falar.
O que dói é sentir que nos sumimos aos poucos, que o tempos nos escoa pelos momentos que não nos chegaram ao peito, que os sonhos se vão esfarrapando em esperanças rasgadas que amanhã vai ser melhor. E amanhã vai ser melhor. Amanhã vai ser sempre melhor.
O hoje é que dói. O hoje é que pode não ser melhor. O hoje é que pode ser a tentativa frustrada de realizar mais um momento, o agora é que pode ser mais um ensaio de sermos nós em toda a plenitude. Mas amanhã vai ser melhor. E o ontem não nos deixa cansar hoje, que o cansaço chega aos fracos espasmos em repetição.
A mente é a armadura que abafa o som do coração que sente sempre falta da harmonia, da sinfonia dos batimentos em simultâneo. E é a mente que cansa a muralha, o escudo que nos habitua à falta que dói, à saudade arrancada do corpo, das mãos da vida a dois tempos.
É preciso escavar na força e reconstruir sobre o cansaço. É preciso agarrar o amanhã com garra. É preciso que doa, que volte a doer a alma arrancada e dividida. É preciso voltar a sangrar no rio da saudade. É preciso voltar atrás para lutar por um amanhã melhor e um amanhã igual a hoje.
É preciso cair do precipício e voltar a ter medo.










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