Naquela noite soubeste-me a ternura. Os teus beijos sopravam paixão.
Deixei-me levar pelo tormento, pela tempestade que encontravam os nossos dedos entrelaçados.
De mãos atadas, deixei-me ir no embate brutal dos nosso corpos, deixei-me levar pela ânsia do calor que ardia alimentado pela confusão das faíscas que nos percorriam. A distância fazia doer o nosso fogo!
Cada beijo denunciou-te na paixão,
na obsessão,
numa loucura maior.
Cada um dos teus toques transbordou no meu desejo crescente, num turbilhão de vontade de ti!
Envolvi-te em mim e deixei-me despedaçar contigo, em êxtases simultâneos,
alternados,
desfasados,
harmonizados.
Os nossos dedos entrelaçados doíam do enlace que permanecia. Mas ia doer mais ter de lembrar que dedos eram meus e quais eram teus e adormecemos assim.
Despedaçados, enlaçados e em êxtase.
Deixaste que o sol me beijasse e depois beijaste-me tu.
Olhaste-me nos olhos enquanto te ias, embalando-me na dor que doía e crescia.
Viraste costas e eu chorei.
Havia tanto para doer antes de eu te conseguir esquecer.
[Publicado originalmente na página https://www.facebook.com/pages/escrita5D-Escola-de-Escrita-e-Criatividade/133493010003112
no âmbito do concurso da semana 52 com o tema "Havia tanto para doer..."]